A União Europeia tem uma habilidade assinalável para fazer a quadratura do círculo.
São muitos anos de experiência, desde 1957, primeiro a seis, depois a oito, a nove, a doze - em 1986, altura em que se concretizou a adesão de Portugal e Espanha à então CEE - continuando a crescer até aos vinte e oito Estados-membros, atualmente 27 com a saída do Reino Unido. Ao aumento da abrangência é inerente o aumento da diversidade e a dificuldade de obter consensos e, mais ainda, regras que os consagrem e operacionalizem nos diversos territórios.
A coesão europeia, a existência de uma mancha geográfica com alguma dimensão e um mercado significativo, foram fulcrais nos anos após a Segunda Grande Guerra. Permitiram dar sequência, na realidade, à paz alcançada no terreno e criar condições para a recuperação económica que a poderia sustentar. Unidos passaram a Guerra Fria, várias crises de várias naturezas e, atualmente, procuram enfrentar a que parece estar e vir a ser a crise das crises, originada pela Pandemia de Covid-19.
Há que realçar que a União Europeia é uma espécie de milagre político e económico que merece admiração, reconhecimento pelos esforços permanentemente em curso e pelos resultados que se vão alcançando.
Muitas vezes, tal parece ser possível, mais pelo efeito dissuasor do argumento catastrófico, que pela vontade de a manter. Sente-se uma espécie de condenação a conservar o conjunto, porque sozinhos os países ficariam mais pobres, mais vulneráveis, menos influentes. Uma Europa unida continua a ser fundamental, mais ainda quando a geopolítica global está a mudar radicalmente. É importante que no Ocidente, um grupo minimamente coordenado de países possa ter condições de contribuir para o precário equilíbrio mundial. Embora a força que julgam ter, com reminiscências da revolução industrial e de impérios perdidos no século XX, os faça sentir mais fortes e importantes do que, restringidos aos seus territórios não coloniais e à sua relativamente limitada tecnologia, realmente são. O que não retira força à necessidade de, mesmo com o não muito que resta, ser mantida alguma relevância no novo mapa-mundo-universo.
Posto isto, constata-se que após rondas intermináveis de negociações é, por vezes, conseguido um ou outro acordo sobre intenções vagas, enunciadas em estratégias, orientações, livros de várias cores, discursos que os anunciam como algo muito importante, já que se pretende invariavelmente o reforço do mercado comum, através da afirmação dos valores europeus, sempre com o respeito pelos direitos fundamentais e a dignidade da pessoa, bem como o crescimento, simultaneamente sustentável e enorme, em livre concorrência. Tudo com uma enorme solidariedade, compreensão e entreajuda.
Agora estão a negociar pacotes e medidas para o cataclismo viral. Oxalá consigam. Oxalá todos consigamos.
Agora estão a negociar pacotes e medidas para o cataclismo viral. Oxalá consigam. Oxalá todos consigamos.
Essencialmente, é isto. Seja qual for o tema em causa, é mais ou menos isto.
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