sábado, 23 de janeiro de 2021

De Deep Blue, o campeão limitado, à AI que se auto-programa

 

Deep Blue era um sistema de inteligência artificial extremamente evoluído cujo feito mais famoso é a sua vitória no xadrez, contra Garry Kasparov, o campeão humano por muitos considerado o melhor jogador de sempre. Tal proeza deu-se nos idos de 1997, após muitos anos de trabalho na e da máquina e, ainda mais, de trabalho do mestre. Kasparov, nessa altura com 34 anos, fora em 1985, com 22, o mais jovem campeão do mundo de xadrez e, com 13, havia vencido o campeonato de xadrez da União Soviética. Levava, pois, em 1997, cerca de 30 anos dedicados ao estudo e prática do xadrez de altíssimo nível. Trabalho esse, aquele a que se sujeitam os melhores, que recentemente ajudou a mostrar numa série de ficção de grande sucesso, “The Queen’s Gambit”, de que foi consultor. O interesse foi tanto que desencadeou o efeito Netflix logo a seguir à sua estreia, em outubro de 2020.

Segundo a Wikipédia - fenómeno extraordinário de democratização da informação e, em cada vez mais “entradas”, do conhecimento efetivo, na medida em que apresenta fontes vastas e credíveis ou, pelo menos, verificáveis e que se mantém firmemente acessível para que cada um que sabe alguma coisa sobre determinado assunto o possa disponibilizar ao mundo, de modo a que cada um que quer saber alguma coisa sobre determinado assunto o possa instantaneamente aprender – o Deep Blue “foi um supercomputador e um software criados pela IBM especialmente para jogar xadrez; com 256 co-processadores capazes de analisar aproximadamente 200 milhões de posições por segundo.”.

Ora, isto diz muitíssimo sobre a capacidade do humano Kasparov já que é perfeitamente razoável admitir que, tendo sido para Deep Blue, primeiro um adversário imbatível e, depois, batível com grande esforço, o seu cérebro biológico alimentado de estudo e experiência, conseguiria analisar perto de 200 milhões de posições por segundo. Acresce que Deep Blue era totalmente incapaz em tudo o resto e Kasparov demonstrava a capacidade usual de um humano para muitíssimas tarefas inerentes à sua condição e ao modo como vivia. Desde logo, sabia andar, coisa que fazia sem grande dificuldade desde tenra idade – talvez pouco antes de começar a jogar xadrez – habilidade que levou mais uns anos até ser conseguida por robots alimentados por inteligência artificial (Artificial Intelligence – AI).

Pode-se ver aqui exemplos da extraordinária evolução na locomoção e mobilidade dos robots, que começaram a ser desenvolvidos para, em cenários de guerra, irem onde os humanos não podiam, ou não deviam, devido à sua biológica fragilidade. Começaram por ser uma espécie de cães extremamente desengonçados, com a vantagem dos quatro apoios e, em duas “pernas” demoraram muito tempo a lidar com pequenos obstáculos e muito mais tempo ainda a subir escadas. A compra da Boston Dynamics pela Google, em 2013, foi um marco no desenvolvimento de robots hábeis em, digamos, movimentos livres. A robótica “clássica”, muito ligada à indústria, era essencialmente estática na sua estrutura e executava um ou mais movimentos iguais e repetidos com grande eficácia e precisão.  

A evolução foi enorme e 2021 foi recebido por um vídeo que rapidamente se tornou viral, em que os robots da BD dançavam exuberantemente ao som de “Do you love me?” mostrando, entre outros, Spot, o tal dos quatro apoios, robot de algum modo parecido com um cão que pode ser comprado desde junho, por 74.500 dólares. O que mostra que qualquer um, desde que muito rico, pode comprar tecnologia de ponta.

A par da robótica, desenvolve-se a AI. Extraordinariamente.

Deep Blue, programado por humanos, acumulava informação e processava-a a um ritmo muito rápido. A AI posterior começou a aprender sozinha, naquilo a que se chamou machine learning (ML) e, mais tarde com as redes neurais artificiais (ANN – Artificial Neural Nets), deep learning (DL). Essa aprendizagem começou por ser seguida de perto por cientistas humanos que tinham forte intervenção no seu desenvolvimento e que, progressivamente, se foram afastando do processo de programação. A ML, primeiro supervisionada, depois sem supervisão e, por fim, usando a aprendizagem por reforço, fez um caminho impressionante que surpreendeu os próprios cientistas, principalmente em áreas como o reconhecimento facial e a linguagem escrita e verbal.

Foi esse tipo de aprendizagem, que consiste em fixar objetivos, recompensando o sucesso e recusando o erro, deixando que o sistema de AI vá tentando e progredindo, que permitiu que o AlphaGo, em 2016, depois de aprender sozinho, em quatro horas, a jogar Go, o jogo mais complexo conhecido, tenha conseguido algum tempo depois derrotar o campeão do mundo, ao que se seguiram jogos com equipas mistas.

A Singularity Hub, agora, noticia um passo adiante.

Começa por explicar os básicos do DL: “Key to deep learning’s success is the fact the algorithms basically write themselves. Given some high-level programming and a dataset, they learn from experience. No engineer anticipates every possibility in code. The algorithms just figure it.”, isto é, os algoritmos evoluem sozinhos.

Depois, anuncia que “the DeepMind team described a new deep reinforcement learning algorithm that was able to discover its own value function—a critical programming rule in deep reinforcement learning—from scratch.”, isto é, um algoritmo que cria algoritmos novos a partir do nada.  

O estudo está aqui e a notícia da SU aqui.

A DeepMind foi criada em 2010 e adquirida pela Google em 2014 e tem estado na liderança da investigação que, nesta área, é realmente muito cara.

Com algoritmos a criar algoritmos é difícil não perguntar “Então e nós, as pessoas, onde ficamos?”. Não, DeepMind, deixa lá, não te incomodes, é uma pergunta meramente retórica. De qualquer modo, a sério, preferimos não saber.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Aristotle, AGI and chatbots

 

Artificial General Intelligence researchers are working with Aristotle's logic. Mathematics is not enough.

"Aristotle’s 2,000-year-old logic has had a profound influence on Western civilization. A revamp of his ancient works could very well shift us into a new frontier of human-computer interaction.", David Ireland and Dana Kai Bradford, in The Conversation, here.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Happy New Year from Boston Dynamics


The Happy New Year from Boston Dynamics went viral. The answer to the musical question “Do you love me?”, must be “Yes, I do”. Is impossible not to love this dancing robots and to be amazed by their movements.

You can have an idea of its evolution by comparing with Spot in 2018, Atlas in 2016, Petman in 2013 (we cannot avoid an unfairness feeling with this video) and Cheetah in 2012.

Google bought Boston Dynamics in 2013 and sold it to Japanese conglomerate SoftBank in 2017. Just a few weeks ago it was acquired by Hyundai  for $1.1 billion. Hyundai plans to use the abilities of robots for everything from service and logistics to autonomous driving and smart factories.

Meanwhile, Spot, something like a dog, has been helping with the pandemic and, since June is possible to buy it for $74,500.

For more information, you can see Singularity Hub here.