quarta-feira, 10 de maio de 2017

Big brother is earing you



Centenas de aplicações móveis (apps) ouvem os sinais (beacons) emitidos por dispositivos integrados em vários locais ou objetos e permitem seguir (ultrasonic beacon tracking) a pessoa que leva o telemóvel, é notícia que não chegou ao grande público.

É mais uma novidade na invasão da privacidade que a evolução da tecnologia permite, que se percebe bem num estudo sobre o assunto divulgado no fim de abril, numa Conferência em Paris.

Ao descarregar uma aplicação são pedidas ao futuro utilizador uma série de permissões que, teoricamente e se o mundo fosse perfeito, teriam como único objetivo que a ferramenta funcionasse e os acessos seriam limitados ao estritamente necessário a esse funcionamento.

Dada a permissão, muitas vezes sem se aperceber que a dá e, menos ainda, o que a mesma significa, o utilizador instala a app e o smartphone passa a receber os sinais que são emitidos pelos beacons, o que permite seguir os passos de quem o transporta, determinar as suas preferências, recolher muitos dados pessoais. 

A permissão pode ser dada sem consciência do ato e/ou das consequências, ou porque a pessoa precisa realmente da aplicação e essa é condição para a ter.

Os cientistas que apresentaram o seu trabalho, encontraram beacons na entrada de lojas de rua, detetaram 234 vulgares apps para Android que incorporavam um tipo particular de tecnologia de escuta ultra-sónica (ultrasonic listening technology) e desenvolveram uma "contra-tecnologia" de proteção, que bloqueia a receção dos sinais. 

Qualquer dia, ou qualquer ano, quando o problema já for outro, vai-se saber.

Ouvir às portas era má educação. Ouvir as portas também será? Big brother is earing you.

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